quarta-feira, abril 19, 2006

Quando comecei... Parte II

Tá certo que fui obrigado, perdi um ano da faculdade, sofri e comi o pão que o diabo amassou, mas passar 10 meses no Exército Brasileiro (o famoso EB), teve lá seus momentos bons. Acho que foi lá que acampei pela primeira vez. O primeiro acampamento foi o mais temido. Seria o acampamento para deixarmos de ser recrutas e passarmos a ser soldados. Tudo que se fazia era correndo com a mochila e fuzil na mão. Quem não corresse tinha que rolar no chão com a parafernalha toda. Até na fila da comida tinha que ficar pulando. Só parava quando tinha comida no prato. Aprendemos a atirar, técnicas de invasão, rastejar, rolar no barro, montar bombas, lançar granadas, fugir das granadas, achar minas, cavar trincheiras, enfim... sobreviver nas condições de uma guerra. Uma vez, voltando de uma instrução o sargento perguntou se a gente queria voltar correndo ou andando. Claro que todos responderam andando. Então ele disse pra segurarmos o fuzil acima da cabeça e com os braços esticados. Quem dobrasse os braços, teria que ficar correndo em volta do pelotão. A gente corria muito, comia pouco, dormia pouco e passava frio. Depois desse acampamento, os que seguiram foram light. A gente se divertia pilotando os jipes em alta velocidade nas estradas de terra. Eu era chefe de viatura e ficava do lado do motorista dizendo pra onde ir e o que fazer. Atrás tinha uma metralhadora e nela ficava o Herik. Ele se agarrava como podia pra não sair voando durante os saltos. No fundo, todos se divertiam. Até o tenente que tentou atirar num passarinho à 5m e errou. O pior, o passarinho nem se moveu. Tentou de novo e nada. Depois colocou a culpa na pistola. Todos riram. O quartel se mudou pra Pirassununga, por isso todos sairam na Primeira Baixa. Não acho que foi um ano perdido. Aprendi muita coisa e talvez a paixão pelo mato e pela natureza, tenha intensificado lá. O melhor são as histórias que tenho guardadas!!!

Numa marcha voltando de Franco da Rocha

Um comentário:

GOM disse...

Não foi à toa que virou Cabo Chan!