quinta-feira, agosto 04, 2005

Durante a Madrugada

Percebi que estava pensando. Como assim estou pensando? Abri os olhos por alguns segundos. Estava escuro. Agora não é hora de pensar! Fechei os olhos e continuei pensando. No que, eu já não me lembro. Fiquei parado. O som de fundo parecia ser uma TV bem longe. Mesmo com os olhos fechados eu via. Via manchas que pareciam sair dos meus olhos em direção ao infinito. Pareciam fractais e não terminavam nunca. Me perguntei se era algo da minha mente ou se eu via aquilo mesmo. Abri os olhos novamente. Olhei meu relógio. Eram 4h49. A luz que vinha da rua passava pela janela e a desenhava na parede. Meu ombro cobria a janela e eu conseguia ouvir os carros passando na avenida. Fechei os olhos novamente. Escutei um chiado de freio. Não era um carro. Era maior. Quando se aproximou, percebi pela barulheira da caçamba e do que transportava, que era um caminhão. Cruzou a avenida sem precisar parar e enfrentou a subida. O motor fazia um barulho constante. A subida é longa e o caminhão pesado. Um outro som interrompeu esse. Era de um carro que acelerava depois de parar no cruzamento. Parecia estar com medo, parecia estar com pressa. Depois que o carro sumiu, ainda pude escutar o caminhão na subida. Me virei e abri os olhos novamente. Vi o espelho. Nele, a luz que entrava pela persiana. Ainda podia escutar o que parecia ser uma TV. Senti a boca seca. Criei coragem pra levantar e beber um copo d'água. Enquanto a água descia pela garganta, achei a razão da insônia. Deve ter sido o filme. "Tetsuo, o homem de ferro". Filme japonês, bizarro, surreal, tenso e que não te deixa respirar. Fiquei agitado ao sair do cinema. Depois que acabei o copo d'água, percebi que o som não era de uma TV. Era um rádio. Vinha de longe. Da avenida talvez. Parecia tocar Nelson Rodrigues ou coisa do tipo. Voltei pra cama. Dessa vez deitei olhando pro teto. Dava pra ver a luz que refletia quando um carro passava. Não passaram muitos. Fechei os olhos. Meu braço direito repousava no meu peito. Podia sentir meu coração. Comecei contar as batidas. 1, 2, 3, 4, 5... 17, 18... 33, 34... Dormi.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ei! nao parou nao. Só to tirando umas pequenas férias, pra me dedicar um pouco a outras coisas. Logo volta à Ativa. O Aquele ta sempre aí.

Anônimo disse...

34!!..dormiu rápido.. rsrsrsr...
bjos
Palloma